07 abril 2014

Cólicas em Bebês: informações importantes para as mamães

Amigos, minha sobrinha Sofia chegará essa semana!!!! Não vejo a hora de ver a carinha dela! É uma emoção maravilhosa e, se eu já estou assim, imagino os pais.

Por isso, hoje trago esse assunto tão importante e que faz muitos bebês ficarem incomodados e muitas mamães perderem o sono.

Juntei o assunto em uma única parte, mas se você acessar a fonte, verá que o assunto está em duas partes e que terá continuação. Você poderá continuar a leitura das próximas partes no Guia do Bebê que ainda serão disponibilizadas.

Boa leitura e tudo de bom e do bem para você!


Cólicas em Bebês - Vamos falar sobre cólicas?

Uma das dúvidas mais comuns das mulheres, desde gestantes até depois do parto, discutidas tanto em consultas quanto em grupos de apoio ou entre familiares, razão dos mais diversos métodos de diagnóstico e sugestões de tratamentos, a cólica infantil parece muito mais comum do que ela realmente é, segundo mostram pesquisas.
E muito embora ainda haja estudos recentes sobre causas e tratamentos de cólicas infantis, a definição é a mesma usada desde 1954 (isso mesmo, artigo publicado no Pediatrics de novembro de 1954), onde se faz uma revisão sobre os termos “cólica infantil” ou “agitação paroxística” e um  estudo sobre o sintoma: mais de 3 horas de choro por dia, por mais de 3 dias por semana por mais de 3 semanas.
Nesse estudo (lembrem-se que é de 1954), o quadro acontecia a partir da 2ª semana de vida, com um pico na 6ª semana durando até entre a 12ª e a 16ª semanas (entre 3 e 4 meses), na maior parte das vezes no final da tarde e à noite, em bebês com características semelhantes (peso ao nascer, ganho de peso, sexo, escolaridade materna, história familiar de alergia e alimentação). Em quase 50% dos casos sintomáticos, a tensão familiar foi considerada fator importante no desencadeamento desse sintoma (25% de casos, nesse estudo, não se encontrou causa aparente). E a conclusão dos autores, em 1954, foi que a cólica infantil seria “possivelmente uma das respostas somáticas mais precoces à presença de tensão no ambiente”.
A primeira questão a se pensar seria:
- Por que razão, os dados numéricos (mais de 3 horas por dia, mais de 3 dias por semana, por mais de 3 semanas) persistiram como verdade absoluta e são base para estudos modernos sobre cólicas, mas o dado mais relevante do estudo, ressaltado na conclusão pelos autores, sobre a influência de tensão familiar (representando fatores emocionais) é constantemente "esquecido" e não é levado em consideração?
Recém-nascido chorando - Foto: esmo/Shutterstock.com

Da vida no útero para a vida “sem lar”.

Antes de continuarmos a conversar sobre cólicas, que tal entendermos um pouco mais
sobre a transição da vida de feto para recém-nascido? No meu livro “Gerar e Nascer – um canto de amor e aconchego” (2008), na segunda parte, capítulo 2, faço uma longa reflexão sobre isso. Mas quero trazer aqui alguns pontos em especial:

Onde fica o bebê?

Nós costumamos ter a ideia de que o bebê é um pontinho minúsculo que fica nadando na imensidão da “piscina amniótica”. Isso não é bem real. O aumento de tamanho do bebê durante as semanas de gravidez é que “induz” o útero a crescer. Assim, quando chega perto do parto, apesar de termos o líquido amniótico, a placenta e o cordão umbilical dentro do útero, é quase como se o bebê “vestisse o útero“ e fosse uma roupa um pouco folgada. É por essa razão que a mamãe sente, por exemplo, nas costas, a cada vez que seu filhinho amado estica uma perna, ou perto do estômago quando ele resolve se “espreguiçar”. O útero é um órgão muscular resistente, capaz de se esticar e aumentar X vezes seu tamanho, para abrigar o bebê dentro dele. E aí ele fica no líquido amniótico, que é estéril e quentinho.

Som

Uma das razões que fazem os bebês pararem de chorar quando estão no colo de sua mamãe é o fato de se “lembrarem” de um som que os acompanhou por essa jornada: o coração materno. Temos medo do que não conhecemos, mas quando encontramos um rosto amigo, familiar, costumamos nos acalmar. Acontece assim com seu filhinho também. Além desse som, o bebê convive com os (não tão românticos) ruídos hidroaéreos do aparelho digestório da mamãe. Assim, pensem bem antes de passar por aquela orgia alimentar, pois isso poderá gerar gases que, perto de um útero, podem, no mínimo, incomodar a paz e a harmonia desse ambiente.
Além dos sons intrauterinos, ele pode sentir a vibração das vozes que tentam se comunicar com eles durante a gestação. Músicas, as vozes do papai e da mamãe são sempre bem recebidas (para todos) durante essas 40 semanas (parece mais do que 9 meses, não parece?).

Proteção

Dificilmente, o bebê vai encontrar, durante toda sua vida, um local onde ele fique mais protegido do que no útero materno. E a mamãe também, pouco provavelmente, vai se sentir mais super-protetora em algum outro momento que não seja esse. 
Enquanto está dentro do útero materno, alguns riscos são minimizados e quase ausentes.
Fome – todo alimento que o bebê necessita é trazido a ele através do sangue do cordão umbilical. Assim, ele não perde a hora de comer, não come demais nem de menos, e ele come “aquilo que você comer”. Assim sendo, cuidado com a sua alimentação. Alguns estudos mostram a importância do hábito alimentar da gestante na criação do hábito alimentar de seus bebês após o parto.

Alimentação

Aqui, a futura mamãe não poderá dizer a mais conhecida frase em consultórios pediátricos: - “Doutor, meu filho não come.” 
Isso porque o “alimento” chega através do... adivinhem... isso mesmo: do cordão umbilical também. Os nutrientes que o bebê necessita chegam através do sangue que vem da mamãe. E aí, seu filho não vai dizer que não gosta de verdura, que prefere chocolate ou salgadinhos. Então, se você não quer que ele coma nada disso, preste muita atenção na sua alimentação, viu? Tenha uma dieta equilibrada e saudável porque isso será o primeiro passo para cuidar da saúde de seu bebê, agora e para o futuro.
Enquanto estamos dentro do útero (embrião e feto), temos nossas necessidades básicas preenchidas. Imediatamente após o parto, sem nenhum aviso prévio, perdemos nosso lar (útero), nossa amiga (a placenta – conhecida em muitos lugares no Brasil como “companheira”) e a nossa linha da vida (cordão umbilical – por onde chegam o oxigênio e o alimento). 
Essa é uma grande perda, abrupta, profunda e até assustadora. O bebê pode reagir para, inconscientemente, tentar retomar a intimidade e a suficiência da vida que vivia até então.

Para compreender as cólicas nos bebês é preciso primeiro entender que todo ser humano nasce prematuro e por isso precisa de cuidados especiais

Nesse “capítulo” e no próximo, quero levar vocês comigo em uma viagem muito diferente, mas muito legal (pelo menos, em minha opinião) e gostaria que vocês pudessem, por algumas linhas, ter a mente aberta para novas informações e sensações.
Depois disso, poderemos  ter novas “ferramentas” e novos caminhos a trilhar para compreender não só as cólicas, mas o choro e o desenvolvimento dos nossos bebês e não teremos mais medos, preocupações ou noites sem sono e sim uma fase linda da vida da família, da qual teremos saudades.
Vamos lá?

Todo ser humano nasce prematuro

Bebê logo após trabalho de parto recebendo cuidados médicos - Reynardt/Shutterstock.com
Muitos estudos e muita observação mostra que independente de nosso tempo de gestação (9 meses – quase 270 dias), se de termo ou não, todas as crianças da “raça humana” nascem antes do tempo, quer seja avaliada a questão clínica, física, social ou psicológica.
Após uma gestação inteira de preparação, a criança quando nasce não sabe se alimentar sozinha, não enxerga adequadamente, escuta mal, não fala, não anda, não senta, não sustenta nem a cabeça, não se relaciona com os seus semelhantes e leva muito tempo para atingir um patamar próximo ao do recém-nascido de qualquer outra raça do reino animal. Isso significa que, se esse bebê fosse deixado para se virar por conta própria e não tivesse a sorte de ser um Tarzan (o rei da selva -1918) ou um Mowgli (o menino lobo), ele certamente não sobreviveria.
Isso mostra sua necessidade e até dependência dos adultos da sua família para seus cuidados, alguns dos quais só pode ser suprido pela mãe. 
Mas, se por um lado, ser prematuro significa que o bebê não está pronto ao nascer, como grande parte dos animais que dependem de habilidades para sobreviver desde muito cedo, por outro lado, ele está aberto para se desenvolver de forma única, podendo ser mais flexível em suas adaptações e tem constante necessidade e capacidade de inovar e aprender. E esse meio ambiente influencia diretamente o desenvolvimento da criança.
Com poucas horas de vida, boa parte dos animais está preparada para andar, correr, buscar seu alimento, se esconder e se defender. Um “bebê da raça humana” pode levar anos para se desenvolver a esse nível. Essa é uma das razões pelas quais a infância é tão longa até chegarmos à adolescência.

Somos inteligentes e racionais

Ou quase isso.
Vamos a uma sessão você sabia?

- Você sabia que um bebê nasce com um cérebro de 25% do tamanho do cérebro do ser humano adulto?

Ao nascer, nosso cérebro pesa cerca de 350 gramas (no adulto chega a 1.400 gramas) e tem um volume 4 vezes menor do que o do adulto. Após um mês, ele pesa 420 gramas, ao final de um ano 700 gramas (metade do tamanho do adulto).
Passamos apenas 2% de nosso tempo de vida na infância, mas 80% de nosso cérebro cresce até os 2 anos de idade e 90% aos 3 anos.
Essa lentidão do desenvolvimento do cérebro e do nosso desenvolvimento (comparada ao de outros animais) pode ser vista como uma vantagem porque possibilita a influência do meio em que ele vive em seu desenvolvimento ao longo da vida, permitindo uma maior capacidade de aprendizagem e uma adaptação ao meio. Mas, isso também mostra uma maior necessidade da presença de outros seres humanos, de preferência da família e, sempre que possível dos pais, nesse processo. 

- Você sabia que um macaco nasce com 50% do tamanho do cérebro do macaco adulto?

Isso mostra que um macaco recém-nascido (após 237 dias de gestação se for um chimpanzé) já nasce com condições de um desenvolvimento e uma adaptação muito mais rápida que a do bebê humano, até porque precisa disso para sobreviver em seu meio ambiente natural.
Estudos de 1944, por Adolf Portmann (zoólogo - 1897-1982) já mostravam que para um bebê humano recém-nascido atingir a fase do desenvolvimento de um macaco recém-nascido, a gestação teria que ter 21 meses. Será que alguma mãe estaria disposta a esperar assim?
Outro autor (Bostok) dizia que para que um recém-nascido pudesse “pensar em se cuidar sozinho”, tentando escapar de perigos por conta própria, ele precisaria pelo menos engatinhar (ficar “quadrúpede”) e isso acontece por volta de 266 dias após seu nascimento (9 meses), ou seja, o mesmo tempo de uma gestação dentro do útero.
Assim os macacos, assim como outros “animais irracionais” nascem prematuros, mas permanecem imaturos por menos tempos do que os bebês de “animais racionais” (nós).

- Você sabia que é o tamanho da cabeça do bebê e da pelve estreita da mãe que determina a hora de nascer?

No último trimestre de gestação, o cérebro do bebê cresce demais. Se os bebês não nascessem após 266 dias de gestação, e ficassem mais tempo dentro do útero, e se seus cérebros continuassem a crescer na mesma velocidade, a cabeça não passaria pelo canal vaginal e colocaria em risco a sua vida e a de sua mãe. Dessa forma, mesmo sem estar “completamente pronto”, o bebê precisa nascer e nasce por conta própria, ao seu próprio tempo.
Isso mostra a necessidade do cuidado do nascimento ao tempo certo, sem nada nem ninguém para apressá-lo. Ele já está nascendo antes do que deveria para estar pronto. Tirar um bebê do útero sem respeitar seu próprio tempo de desenvolvimento (cérebro, sistema digestório, circulatório, respiratório) pode acarretar grandes riscos para sua sobrevivência após o corte do cordão umbilical.
Já consegui convencer vocês que nosso bebê nasce antes do que devia (prematuro), que precisaria de pelo menos mais 9 meses de gestação para nascer “mais pronto”, que demora a se desenvolver e precisa da presença mais constante de seus pais e familiares para que esse processo ocorra da forma mais satisfatória e completa possível?
Dr. Moises Chencinski
Dr. Moises Chencinski
Médico especializado em pediatria e homeopatia
Veja Perfil Completo

Fonte: Guia do Bebê 

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